Indicadores das Condutas na Edificação
Seguindo o mesmo método para o estabelecimento dos indicadores da estrutura urbano, estabeleceu-se os indicadores das condutas na Edificação.
Eixo Ambiental
SÍTIO (LOCAL) E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
- Implantação em terreno urbanizado (áreas conurbadas ou vazios urbanos) onde não há riscos de contaminação de corpos d’água e águas subterrâneas e de baixo valor ambiental
- Desenho urbano integrado voltado para o desenvolvimento do local
- Reutilização de terrenos e edificações
- Implementação em solo não contaminado ou reabilitação das áreas (descontaminar ou encapsular solos contaminados)
- Localização sem riscos (de incêndio, deslizamentos / desmoronamentos, sismos, avalanches, inundações e meteorológicos) e em áreas fora de solos ecologicamente sensíveis ou valiosos
- Preservação dos taludes locais, proteção de plantas, árvores, fontes de água superficial e/ ou subterrânea e espécies sensíveis
- Utilização da vegetação (priorizando plantas autóctones/ nativas) como sombra
- Orientação otimizada dos edifícios
- Acesso a fontes de energia renováveis
- Redução da poluição da água, do ar, luminosa e acústica
- Minimização do efeito de ilha de calor
- Disponibilização de espaços abertos nas áreas da edificação
- Gestão dos solos (controle da erosão e da sedimentação através de mecanismos de recuperação, prevenção e controle, otimização de volumes de corte e aterro, evitar a criação de taludes acentuados) e escoamento das águas
- Realização de investigações geotécnicas para conhecer o solo do empreendimento
- Redução do impacto ambiental, biodiversidade e ecologia, nas zonas de construção e canteiros de obras
- Elaboração de planos de desenvolvimento do local ou relatórios ambientais (implantação, construção e operação)
- Plano de gestão, preservação e promoção da biodiversidade a longo prazo, com recuperação da flora e da fauna autóctones (nativas)
- Acessibilidade e segurança no transporte e serviços públicos
- Reserva de vagas para de veículos sustentáveis
- Ìndice de ocupação (relação entre a área ocupada pela projeção horizontal da construção e a área do terreno) menor ou igual a 50%
- Índice de permeabilidade (percentual expresso pela relação entre a área do terreno sem pavimentação impermeável e sem construção no subsolo e área total do terreno) do terreno igual ou maior que 30% e a pavimentação proposta é permeável ou semipermeável ou utiliza resíduos, como por exemplo pneus
- O empreendimento será executado em área de baixo valor ambiental (sem vegetação ou de pouco interesse) ou área não agricultável
- O projeto paisagístico da edificação contempla vistas naturais e áreas verdes (pelo menos 10% da área da implantação), com sombras pelo uso de plantas nativas da região ou árvores frutíferas que consomem pouca água, não requer o uso de pesticidas e fertilizantes para sua manutenção e o sistema de irrigação utiliza água de fontes alternativas
- Há áreas na edificação para incentivar passeios, lazer e atividades físicas
ÁGUA
- Redução do consumo de água potável e não potável através de medidas, como a eliminação de vazamentos, e equipamentos para limitar o consumo de água
- Reutilização de águas cinzas e das águas pluviais
- Tecnologia inovadora de águas residuais
- Sistema de irrigação eficiente
- Acesso à água potável e monitoramento do consumo
- Utilização de fontes alternativas de água (redução do uso de água potável através do projeto de sistemas eficientes, coleta de água da chuva e reutilização de água)
- Identificação de tubulações com cores e com separação da água não potável
- Seleção dos materiais de acordo com a natureza da água distribuída (compatibilidade das características físico-químico da água com os materiais especificados)
- Especificação de reservatórios no projeto fechados com tampa, que permitem a inspeção e limpeza e possuem dispositivos de extravasão, ventilação com as respectivas extremidades dotadas de crivo de tela de malha fina
- Condução da água da chuva inicialmente para o sistema de infiltração e somente depois da redução da capacidade de absorção do solo, que esta seja encaminhada para o sistema público.
- Redes de drenagem e abastecimento com Instalação de pré-filtros e caixas de areia a montante para minimizar o processo de colmatação pelo acúmulo de sedimentos.
- Definição de critérios e tempos ideais para a manutenção do sistema de abastecimento e drenagem, com previsão de pontos de manutenção acessíveis Utilização de produtos (instalações e equipamentos) certificados ou com referência técnica confiável
- Especificação de equipamentos sanitários com volume de descarga inferiores a 6,0L e com sistema de dupla descarga
- Os sistemas prediais hidráulicos e sanitários proporcionam conforto aos usuários, com temperatura, pressão, volume e vazão compatíveis com o uso associado a cada ponto de utilização
- Utilização de desconectores para garantir a estanqueidade aos gases provenientes de tubulações de esgoto primário tubos de ventilação que evitam a liberação de gases
CONSUMO DE MATERIAIS, RECURSOS E ECONOMIA CIRCULAR
- Gestão e separação de resíduos de construção e demolição (RCD) e de resíduos sólidos urbanos (RSU) conforme a classificação e a destinação, visando a limitação da produção, armazenamento adequado, reavaliação, controle de resíduos químicos e radioativos (como o radônio emitido por granitos e calcáreos)
- Infra-estrutura do empreendimento para tratamento adequado de esgoto sanitário
- Reaproveitamento de estruturas preexistentes na edificação
- Especificações e uso de materiais duráveis ou provenientes de fontes renováveis e locais (como madeiras e fibras), de baixo impacto ambiental (pelo uso de Declaração Ambiental de Produtos (DAPs) e ferramentas Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), reutilizados, reciclados ou que na composição utilizam materiais reutilizados ou reciclados
- Especificação de materiais certificados, como madeira especificada certificada- Forest Stewardship Council (FSC) e o Sistema Brasileiro de Certificação Florestal (Cerflor) ou oriunda de manejo de florestas plantadas
- Seleção de materiais e componentes com baixa necessidade e facilidade de manutenção e que não degradem a qualidade do ar interna
- Evitar o uso de materiais cujo emprego é reconhecido como prejudicial ao ambiente e aos seres vivos (asbestos, isolantes que liberam CFC durante a produção, Compostos orgânicos voláteis -COVs como os formaldeídos, materiais tóxicos, como o radônio presentes em materiais de construção como areias, granitos e calcáreos; da fumaça do tabaco e outros agentes cancerígenos)
- Espaços e orientações aos usuários para a concepção, desmontagem e reparação de produtos
- Estabelecimento de requisitos de qualidade e tempo de vida para materiais e componentes da edificação
- Integração entre fornecedores para minimizar os resíduos e promoção da economia circular
- Especificações de procedimentos de instalações racionalizadas (sem quebra de alvenaria/ elementos de vedação, inspecionáveis
- Seleção tecnológica e de sistemas construtivos através de critérios de racionalização em termos de menor geração de perdas/ resíduos no canteiro de obras e na vida útil da edificação
- Redução no uso de materiais e desmaterialização da construção
ENERGIA
- Controle e sensorização dos sistemas e equipamentos de transporte (como escadas rolantes e elevadores, minuteiras, sensores de presença), térmicos, elétricos e de iluminação eficientes e eficazes (baixo consumo)
- Soluções para minimizar as perdas de calor (como vidros e caixilharias super-isolantes)
- Utilização de energias renováveis nas etapas de transporte de materiais, construção, demolição e uso da edificação
- Utilização de materiais com elevada inércia térmica (que preservam as temperaturas internas)
- Produção de energias renováveis no local ( aquecimento por energia solar, energia fotovoltaica, eólica, geotérmica, biomassa, …)
- Planejamento da utilização do edifício
- Uso de simulação para promoção da eficiência energética
- Medição e verificação do consumo de energia
- Uso de sistemas térmicos coletivos
- Contadores individuais
- Envoltória verde (fachadas com vegetação)
- Energia de operação prevê o funcionamento da habitação para um ciclo de vida de 50 anos
- Aproveitamento da energia passiva (arrefecimento, conforto, ventilação)
- Espaços para a secagem de roupas evitando-se o uso de secadoras elétricas
- Tomadas conforme a potência dos equipamentos e distribuídas de acordo com o layout evitando o uso de dispositivos tipo Tê e extensões
- Materiais que compõem a cobertura são de cor de absortância solar baixa (α< 0,4, cores claras) ou telhas cerâmicas não esmaltadas e/ou são coberturas vegetais
QUALIDADE AMBIENTAL INTERIOR
- Absorção sonora, e conforto acústico (nível de ruído e isolamento acústico ótimos pela identificação, distanciamento e interrupção das fontes de ruído externa e internas que afetam o edifício e otimização do ruído de fundo)
- O nível de ruído externo à edificação e os valores limites estabelecidos para uso interno dos ambientes foram considerados no projeto (Conforme ABNT NBR 10152:1987)
- Os dutos e tubulações quando embutidos nas paredes foram revestidos com materiais absorventes de vibrações
- Localização dos espaços: Áreas de serviço e cozinha afastadas dos quartos; áreas de acesso, circulação e escada projetadas nas fachadas mais expostas ao ruído
- Controle do brilho/reflexos e ausência de ofuscamento
- Nível de iluminação eficiente (luz natural e artificial, conforme ABNT NBR 5413:1992), boa distribuição e cores das paredes que proporcionam uma boa iluminação e absortância (ABNT/CB-02 02:136.01-001/5)
- Iluminação natural direta em todos os ambientes incluindo cozinhas, área de serviço, banheiros (iluminação zenital, por exemplo e arranjos arquitetônicos que favorecem plantas baixas estreitas possibilitando a iluminação natural dos ambientes)
- As lâmpadas especificadas consideram o consumo de energia elétrica, custo da potência instalada e duração das lâmpadas
- Ombreiras, peitoris e vergas chanfrados para espalharem a luz de uma abertura (prateleiras de luz)
- Plano de gestão da qualidade do ar interno durante a fase de construção e uso da edificação (Controle da poluição do ar e proliferação de mofo, umidade, bactérias em torres de resfriamento/ aquecimento, químicos tóxicos, emissão de particulados da construção e dos materiais, exaustão local, prevenção de fugas de fluidos refrigerantes e medidas de redução dos gases causadores do efeito de estufa (redução de emissões de CO2, por exemplo) )
- Conforto térmico proporcionado pelo sistema de ar-condicionado, ventilação mecânica (quando indispensáveis) e/ou promoção da ventilação natural (melhor aproveitamento dos ventos e ventilação cruzada) e garantia do nível satisfatório de qualidade do ar
- Espaços projetados fluidos permitindo a circulação do ar entre os ambientes e o exterior mantendo a privacidade visual
- Promoção da ventilação vertical para que o ar quente acumulado nas partes mais elevadas do interior da edificação seja retirado (lanternins, aberturas do telhado, exaustores eólicos ou aberturas zenitais)
- Uso de elementos que salientem a volumetria para que haja o incremento do volume e a velocidade do fluxo de ar
- Aberturas com sombreamento nas fachadas de acordo com a orientação solar, pelo uso de vegetação e para-sóis
- As áreas das portas não foram incluídas na área efetiva da ventilação ou existe a previsão do uso de venezianas nas janelas e portas de forma a regular o fluxo de ar
- Muros afastados, baixos e permeáveis com uso de elementos vazados e vegetação para permitir a passagem do fluxo de ar
- Promoção de um ambiente saudável pela orientação solar estudada para otimizar o conforto higrotérmico
- Acesso à luz do sol em áreas de vivências nas unidades habitacionais
- Estratégias para resfriamento evaporativo (técnica de arrefecimento, que utiliza a evaporação da água para baixar a temperatura de um determinado local ou material.)
- Observação dos valores máximos admissíveis para a transmitância térmica (quantidade de calor a ser transmitida pelos materiais) da área opaca de fachadas (referência tabela D4 ABNT NBR 15220-3:2005)
- Realização do processo de purga (manutenção e eliminação de resíduos sólidos, líquidos e gasosos de forma rápida e eficiente)
- Conforto tátil e antropodinâmico
- Definições das condições de exposição do edifício a fim de possibilitar a ampliação da vida útil e da durabilidade do edifício e seus sistemas
- Construtibilidade (facilidade de construir) e Manutenibilidade (facilidade de manutenir)
- Processos de gestão para o ciclo de vida das edificações.
- Inserção de inovação e avanços tecnológicos na edificação
Eixo Econômico
CUSTOS E INOVAÇÃO
- Viabilidade econômica (Custo de construção, operação e manutenção, custos no ciclo de vida da edificação)
- Assegurar o desempenho superior para a edificação (75 anos) (NBR 15575)
- Inovação na concepção
- Uso da construção como ferramenta educativa
- Uso de profissionais acreditados ou especializados para gestão e assistência ao edifício
- Concepção sustentável sem aumento de custos
Eixo social
SOCIAL
- Estabelecimento de prioridades de desenvolvimento regional (nas quais a edificação possa contribuir)
- Adoção da acessibilidade universal
- Acesso a espaços públicos abertos e facilidades no bairro
- Direito à privacidade
- Prevenção de queimaduras solares
- Concepção compatível com os valores culturais
- Melhoria das paisagens urbanas
- Proteção do valor patrimonial
- Planejamento do ciclo de vida da edificação (possibilidades de reuso de sistemas e componentes, previsão de manutenções e substituições)
- Estudo do risco de investimento
- Acessibilidade do aluguel
- Impacto do edifício no valor dos terrenos adjacentes
- Impacto do edifício na economia local
- Estudo da viabilidade comercial
QUALIDADE DO SERVIÇO
- Segurança e proteção durante as operações (manutenção, transporte em elevadores, acionamento de portões e esquadrias)
- Flexibilidade, adaptabilidade, funcionalidade e eficiência de sistemas e componentes
- Otimização e manutenção do desempenho operacional
- Durabilidade e confiabilidade
- Gestão sustentável e práticas de construção responsáveis
- Participação das partes interessadas
- Sistema de gestão de edifícios
ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
- Elaboração de projeções climáticas que afetam o local da edificação
- Diagnóstico de vulnerabilidade
- Plano de monitoramento, avaliação e adaptação às alterações climáticas
- Implementação de estratégias para resiliência da edificação