Indicadores das Condutas na Edificação

Seguindo o mesmo método para o estabelecimento dos indicadores da estrutura urbano, estabeleceu-se os indicadores das condutas na Edificação.

Eixo Ambiental

SÍTIO (LOCAL) E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

  1. Implantação em terreno urbanizado (áreas conurbadas ou vazios urbanos) onde não há riscos de contaminação de corpos d’água e águas subterrâneas e de baixo valor ambiental
  2. Desenho urbano integrado voltado para o desenvolvimento do local 
  3. Reutilização de terrenos e edificações
  4. Implementação em solo não contaminado ou reabilitação das áreas (descontaminar ou encapsular solos contaminados)
  5. Localização sem riscos  (de incêndio, deslizamentos / desmoronamentos,  sismos, avalanches, inundações e  meteorológicos) e em áreas  fora de solos  ecologicamente sensíveis ou valiosos
  6. Preservação dos taludes locais,  proteção de plantas, árvores, fontes de água superficial e/ ou subterrânea e espécies sensíveis
  7. Utilização da vegetação (priorizando plantas autóctones/ nativas) como sombra
  8. Orientação otimizada dos edifícios
  9. Acesso a fontes de energia renováveis
  10.  Redução da poluição da água, do ar,  luminosa e acústica
  11. Minimização do efeito de ilha de calor
  12.  Disponibilização de espaços abertos nas áreas da edificação
  13.  Gestão dos solos  (controle da erosão e da sedimentação através de mecanismos de recuperação, prevenção e controle, otimização de volumes de corte e aterro, evitar a criação de taludes acentuados) e escoamento das águas
  14. Realização de investigações geotécnicas para conhecer o solo do empreendimento
  15.  Redução do impacto ambiental, biodiversidade e ecologia,  nas zonas de construção e canteiros de obras
  16. Elaboração de  planos de desenvolvimento do local ou relatórios ambientais (implantação, construção e operação)
  17.  Plano de gestão, preservação  e promoção da biodiversidade a longo prazo, com recuperação da flora e da fauna autóctones (nativas)
  18.  Acessibilidade e segurança  no transporte e serviços  públicos
  19.  Reserva de vagas para de veículos sustentáveis
  20.  Ìndice de ocupação (relação entre a área ocupada pela projeção horizontal da construção e a área do terreno)  menor ou igual a 50%
  21. Índice de permeabilidade (percentual expresso pela relação entre a área do terreno sem pavimentação impermeável e sem construção no subsolo e área total do terreno) do terreno igual ou maior que 30% e a  pavimentação proposta é permeável ou semipermeável ou utiliza resíduos, como por exemplo pneus
  22. O empreendimento será executado em área de baixo valor ambiental  (sem vegetação ou de pouco interesse) ou área não agricultável
  23. O projeto paisagístico da edificação  contempla vistas naturais e  áreas verdes (pelo menos 10% da área da implantação), com sombras pelo uso de plantas nativas da região ou árvores frutíferas  que  consomem pouca água, não requer o uso de pesticidas e fertilizantes para sua manutenção e o sistema de irrigação utiliza água de fontes alternativas
  24. Há áreas na edificação para incentivar passeios, lazer e atividades físicas

ÁGUA

  1.  Redução do consumo de água potável e não potável através de  medidas, como a eliminação de vazamentos, e equipamentos para limitar o consumo de água
  2.  Reutilização de águas cinzas e  das águas pluviais
  3.  Tecnologia inovadora de águas residuais
  4.  Sistema de irrigação eficiente
  5.  Acesso à água potável e monitoramento do consumo
  6.  Utilização de fontes alternativas de água (redução  do uso de água potável através do projeto de sistemas eficientes, coleta de água da chuva e reutilização de água)
  7. Identificação  de tubulações  com cores e com separação da água não potável
  8. Seleção  dos materiais  de acordo com a natureza da água distribuída (compatibilidade das características físico-químico da água com os  materiais especificados)
  9. Especificação de reservatórios no projeto fechados com tampa, que permitem a inspeção e limpeza e possuem dispositivos de extravasão, ventilação com as respectivas extremidades dotadas de crivo de tela de malha fina
  10. Condução da água da chuva inicialmente para o sistema de infiltração e somente depois da redução da capacidade de absorção do solo, que esta seja encaminhada para o sistema público.
  11. Redes de drenagem e abastecimento com Instalação de pré-filtros e caixas de areia a montante para minimizar o processo de colmatação pelo acúmulo de sedimentos.
  12. Definição de critérios e tempos ideais para a manutenção do sistema de abastecimento e drenagem, com previsão de pontos de manutenção acessíveis Utilização de produtos (instalações e equipamentos) certificados ou com  referência técnica confiável
  13. Especificação de equipamentos sanitários com volume de descarga inferiores a 6,0L e com sistema de dupla descarga
  14. Os sistemas prediais hidráulicos e sanitários proporcionam conforto aos usuários, com temperatura, pressão, volume e vazão compatíveis com o uso associado a cada ponto de utilização
  15. Utilização de  desconectores para garantir a estanqueidade aos gases provenientes de tubulações de esgoto primário tubos de ventilação que evitam a liberação de gases

CONSUMO DE MATERIAIS, RECURSOS E ECONOMIA CIRCULAR

  1. Gestão e separação de resíduos de construção e demolição (RCD) e de resíduos sólidos urbanos (RSU) conforme a classificação  e a destinação, visando a limitação da produção, armazenamento adequado, reavaliação, controle de resíduos químicos e  radioativos (como o radônio emitido por granitos e calcáreos)
  2. Infra-estrutura do empreendimento para tratamento adequado de esgoto sanitário
  3. Reaproveitamento de estruturas preexistentes na edificação
  4. Especificações e uso de materiais duráveis ou provenientes de fontes  renováveis  e locais (como madeiras e fibras), de baixo impacto ambiental (pelo uso de Declaração Ambiental de Produtos (DAPs) e ferramentas Avaliação do Ciclo de Vida (ACV),  reutilizados, reciclados ou que  na composição utilizam materiais reutilizados ou reciclados
  5. Especificação de materiais certificados, como  madeira especificada  certificada- Forest Stewardship Council (FSC) e o Sistema Brasileiro de Certificação Florestal (Cerflor) ou oriunda de manejo de florestas plantadas
  6. Seleção de materiais e componentes com baixa necessidade e facilidade de manutenção e que não degradem a qualidade do ar interna
  7. Evitar o uso de  materiais cujo emprego é reconhecido como prejudicial ao ambiente e aos seres vivos (asbestos, isolantes que liberam CFC durante a produção, Compostos orgânicos voláteis -COVs como os formaldeídos,  materiais tóxicos, como o radônio presentes em materiais de construção como areias, granitos e calcáreos;  da fumaça  do tabaco e outros agentes cancerígenos) 
  8. Espaços e orientações aos usuários  para a concepção, desmontagem e reparação de produtos
  9. Estabelecimento de requisitos de qualidade e tempo de vida para materiais e componentes da edificação
  10. Integração entre fornecedores para minimizar os resíduos e promoção da economia circular
  11. Especificações de procedimentos de instalações racionalizadas (sem quebra de alvenaria/ elementos de vedação, inspecionáveis
  12. Seleção tecnológica e de sistemas construtivos  através de critérios de racionalização em termos de menor geração de perdas/ resíduos no canteiro de obras e na vida útil da edificação
  13. Redução no uso de materiais e desmaterialização da construção

ENERGIA

  1. Controle e sensorização dos sistemas e equipamentos de transporte (como escadas rolantes e elevadores, minuteiras, sensores de presença),  térmicos, elétricos e  de iluminação eficientes e eficazes (baixo consumo)
  2. Soluções para minimizar as perdas de calor (como vidros e caixilharias super-isolantes)
  3. Utilização de energias renováveis nas etapas de transporte de materiais, construção, demolição e uso da edificação
  4. Utilização de materiais com elevada inércia térmica (que preservam as temperaturas internas)
  5. Produção de energias renováveis no local ( aquecimento por energia solar, energia fotovoltaica, eólica, geotérmica, biomassa, …)
  6.  Planejamento da utilização do edifício
  7. Uso de simulação para  promoção  da eficiência energética
  8.  Medição e verificação do consumo de energia
  9.  Uso de sistemas térmicos coletivos
  10.  Contadores individuais
  11.  Envoltória  verde (fachadas com vegetação)
  12.  Energia de operação prevê o funcionamento da habitação para um ciclo de vida de 50 anos
  13.    Aproveitamento da energia passiva  (arrefecimento, conforto, ventilação)
  14.  Espaços para a secagem de roupas evitando-se o uso de secadoras elétricas
  15.   Tomadas conforme a potência dos equipamentos e distribuídas de acordo com o layout evitando o uso de dispositivos tipo Tê e extensões
  16.  Materiais que compõem a cobertura são de cor de absortância solar baixa  (α< 0,4, cores claras) ou telhas cerâmicas não esmaltadas e/ou são coberturas vegetais 

QUALIDADE AMBIENTAL INTERIOR

  1.  Absorção sonora, e conforto acústico (nível de ruído e isolamento acústico ótimos pela identificação, distanciamento  e interrupção das fontes de ruído externa e internas que afetam o edifício e otimização do ruído de fundo)
  2. O nível de ruído externo à edificação e os valores limites estabelecidos para uso interno dos ambientes foram considerados no projeto (Conforme ABNT NBR 10152:1987)
  3. Os dutos e tubulações quando embutidos nas paredes foram revestidos com materiais absorventes de vibrações
  4. Localização dos espaços: Áreas de serviço e cozinha afastadas dos quartos;  áreas de acesso, circulação e escada projetadas nas fachadas mais expostas ao ruído
  5. Controle do brilho/reflexos e ausência de ofuscamento
  6. Nível de iluminação eficiente (luz natural e artificial, conforme ABNT NBR 5413:1992),  boa distribuição e cores  das paredes que proporcionam uma boa iluminação e absortância (ABNT/CB-02 02:136.01-001/5)
  7. Iluminação natural direta em todos os ambientes incluindo cozinhas, área de serviço, banheiros (iluminação zenital, por exemplo e  arranjos arquitetônicos que  favorecem plantas baixas estreitas possibilitando a iluminação natural dos ambientes)
  8. As lâmpadas especificadas consideram o consumo de energia elétrica, custo da potência instalada e duração das lâmpadas
  9. Ombreiras, peitoris e vergas chanfrados para espalharem a luz de uma abertura (prateleiras de luz)
  10.  Plano de gestão da qualidade do ar interno  durante a fase de construção e uso da edificação (Controle da poluição do ar e proliferação de mofo, umidade, bactérias em torres de resfriamento/ aquecimento, químicos tóxicos, emissão de particulados da construção e dos materiais, exaustão local, prevenção de fugas de fluidos refrigerantes e  medidas de redução dos gases causadores  do efeito de estufa (redução de emissões de CO2, por exemplo) )
  11. Conforto térmico proporcionado pelo sistema de ar-condicionado, ventilação mecânica (quando indispensáveis)  e/ou promoção da ventilação natural (melhor aproveitamento dos ventos e ventilação cruzada) e garantia do nível satisfatório de qualidade do ar
  12. Espaços projetados fluidos permitindo a circulação do ar entre os ambientes e o exterior mantendo a privacidade visual
  13. Promoção da ventilação vertical para que o ar quente acumulado nas partes mais elevadas do interior da edificação seja retirado (lanternins, aberturas do telhado, exaustores eólicos ou aberturas zenitais)
  14. Uso de  elementos que salientem a volumetria para que haja o incremento do volume e a velocidade do fluxo de ar
  15. Aberturas com sombreamento nas fachadas de acordo com a orientação solar, pelo uso de vegetação e para-sóis
  16. As áreas das portas não foram incluídas na área efetiva da ventilação ou existe  a previsão do uso de venezianas nas janelas e portas de forma a regular o fluxo de ar
  17. Muros afastados, baixos e permeáveis com uso de elementos vazados e vegetação para  permitir a passagem do fluxo de ar
  18. Promoção de um ambiente saudável pela orientação solar estudada para otimizar o conforto higrotérmico
  19. Acesso à luz do sol em áreas de vivências nas unidades habitacionais
  20. Estratégias para resfriamento evaporativo (técnica de arrefecimento, que utiliza a evaporação da água para baixar a temperatura de um determinado local ou material.)
  21.  Observação dos valores máximos admissíveis para a transmitância térmica (quantidade de calor a ser transmitida pelos materiais) da área opaca de fachadas  (referência tabela D4 ABNT NBR 15220-3:2005)
  22. Realização do processo de purga (manutenção e eliminação de resíduos sólidos, líquidos e gasosos de forma rápida e eficiente)
  23. Conforto tátil e antropodinâmico
  24. Definições das condições de exposição do edifício a fim de possibilitar a ampliação da vida útil e da durabilidade do edifício e seus sistemas
  25. Construtibilidade (facilidade de construir) e Manutenibilidade (facilidade de manutenir)
  26.  Processos de gestão para o ciclo de vida das edificações. 
  27. Inserção de inovação e avanços tecnológicos na edificação

Eixo Econômico

CUSTOS E INOVAÇÃO

  1. Viabilidade econômica (Custo de construção, operação e manutenção, custos no ciclo de vida da edificação)
  2. Assegurar o desempenho superior para a edificação (75 anos) (NBR 15575)
  3. Inovação na concepção
  4. Uso da  construção como ferramenta educativa
  5. Uso de profissionais acreditados ou especializados para gestão e assistência ao edifício
  6. Concepção sustentável sem aumento de custos

Eixo social

SOCIAL 

  1. Estabelecimento de prioridades de desenvolvimento regional (nas quais a edificação possa contribuir)
  2. Adoção da acessibilidade universal
  3. Acesso a espaços públicos abertos e facilidades no bairro
  4. Direito à privacidade
  5. Prevenção de queimaduras  solares
  6. Concepção compatível com os valores culturais
  7. Melhoria das paisagens urbanas
  8. Proteção do valor patrimonial
  9. Planejamento do ciclo de vida da edificação (possibilidades de reuso de sistemas e componentes, previsão de manutenções e substituições)
  10. Estudo do risco de investimento
  11. Acessibilidade do aluguel
  12. Impacto do edifício no valor dos terrenos adjacentes
  13. Impacto do edifício  na economia local
  14. Estudo da viabilidade comercial

QUALIDADE DO SERVIÇO

  1. Segurança e proteção durante as operações (manutenção, transporte em elevadores, acionamento de portões e esquadrias)
  2. Flexibilidade,  adaptabilidade, funcionalidade e eficiência de sistemas e componentes
  3. Otimização e manutenção do desempenho operacional
  4. Durabilidade e  confiabilidade
  5. Gestão sustentável e práticas de construção responsáveis
  6. Participação das partes interessadas
  7. Sistema de gestão de edifícios

ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

  1. Elaboração de projeções climáticas que afetam o local da edificação
  2. Diagnóstico de vulnerabilidade
  3. Plano de monitoramento, avaliação e adaptação às alterações climáticas
  4.  Implementação de estratégias para resiliência da edificação